Você não precisa força-los. Tampouco apressá-los.
Pessoas ficam juntas porque querem, no momento em que decidem juntas. Querer já
é muito e ajuda a eliminar algumas dúvidas. As dúvidas existem porque pensamos
nelas. E tudo está sujeito ao engano. É incontrolável. Como evitar cair em
relações de dependência? Seja responsável por você: pensamentos, sentimentos e
atos. Parece banal, mas não é. Não tente impor ao outro sua responsabilidade
com relação a você mesmo. Ele(a) gosta de você, mas não é tão responsável por
você assim. Você responde por você, ele(a) responde por ele(a). Amor não se
cobra. Atenção também não. Carinho muito menos. Tenha isso em mente. Não tenha
a obrigação de corresponder às expectativas do outro em todos os momentos.
Ele(a) as criou. Não o(a) obrigue a corresponder às suas expectativas em todos
os momentos. Você as criou. A moeda da culpa é muito alta. Não se culpem à toa.
Não usem chantagens baratas, usem as mais elaboradas, em momentos oportunos.
Não somos animais de estimação: não tentem se domesticar.
Não somos animais
selvagens: não tentem se enjaular. Não estejam nem queiram estar presentes na
vida um do outro o tempo todo. Ninguém nasce com duas sombras. E quando
estiverem longe, não se liguem toda hora. Todo mundo pode esperar. Na vida é
bom saber detectar o que é urgência de fato. O resto é controle. Não ligue
antes de dormir para saber onde ele(a) está com a desculpa “só liguei pra dar
boa noite”. Você não é mãe dele(a) e vocês não têm 12 anos. Só liguem quando
quiser, ou precisar, e não porque ele(a) quer que ligue. Não deixem que os
monstros da comunicação instantânea assombrem. Um SMS não respondido
imediatamente, uma ligação sem retorno, ficar um dia sem se falar: não foi
nada! Vocês não precisam checar o celular um do outro, fuçar as redes sociais,
ter acesso aos e-mails pessoais. Quem inventou essa loucura? Não se controlem a
ponto de ficarem com preguiça de se ver. Não aceite ser a polícia, o juiz ou o
algoz de quem você gosta. Sejam, menos ainda, vítimas um do outro. Não façam
planos vitalícios com ninguém. E não se culpem por isso. Conversem sobre tudo,
mas não discutam todos os lados da relação sempre. Incentivem-se, mas não virem
o senso de direção um do outro. Não faça surpresas demais, não agrade demais.
Ele(a) não é seu filho(a) único(a). Repito, que se vocês estão juntos é porque
querem estar. Isso já é tão belo. Tenha assuntos e amigos pessoais, ele(a) não
deve ser seu único assunto e interlocutor. É sempre bom ter o que fazer na
vida. Trabalho e lazer. É recomendável ter muitas coisas para pensar, como idéias e viagens. Hoje você vai sair sem ele(a) e tudo bem. Amanhã ele(a)vai
viajar sem você e tudo bem. Hoje você vai encher a cara com seus amigos(as). É
sempre bom. Depois de amanhã vocês podem ir ao cinema juntos! Então saibam se
divertir juntos. E saibam se divertir um sem o outro. Não se violentem. A
tortura é uma técnica menor. Pode dormir na casa dela(e), mas lembrem-se: você
não mora lá. Pegação não é flerte. Flerte não é paixão. Paixão não significa
romance. Romance não é namoro. Namoro não é casamento. Casamento não é virar
uma pessoa só. Duas bocas, oito membros, duas cabeças, dois corações, dois
organismos que só se comunicam com o mundo usando verbos na primeira pessoa do
plural. Isso é mutação. Briguem por motivos reais. Tenham ciúme por motivos
reais. 90% dos casos os motivos não são reais. Você tem passado. Ele (a) tem
passado. Ciúme do passado é motivo irreal. Você tem seus segredos. Ele (a) tem
os segredos dele (a). Respeitem-se. Aprendam a ensinar que respeito não envolve
hostilidade. Tudo isso não quer dizer que ele(a) tem outra pessoa, que você se
apaixonou por outra pessoa ou que vocês se gostam pouco. Tudo isso vai fazer
vocês gostarem mais um do outro. Antes de você existir na vida dele (a) ele(a)
já existia. Existir não é tarefa fácil. Tem que deixar a existência arejada,
sempre, pra poder existir ao lado de alguém. Mais disposto e com mais vontade.
Que bom que você chegou na vida dele(a). Mas ele (a) não nasceu de novo. Tudo
vai se adaptar ao novo cenário. Tenham paciência. É
exercício. Tentem cortar as ilusões de domínio: não
funcionam com territórios, não funciona com conhecimento, nunca vai funcionar
com pessoas. Isso adia os finais trágicos das relações possessivas. E torna as
relações mais inspiradoras. Essas duram mais. No pós-romance as pessoas não
precisam explicar tanto. Elas estão juntas porque querem. Isso basta.
By Pedro Bial
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